Espumas de combate a incêndio: Rumo a alternativas livres de PFAS

Milhões de pessoas que vivem nos EUA estão expostas a PFAS (substâncias per e polifluoroalquiladas) através da água potável. PFAS são extremamente persistentes no meio ambiente e têm sido associados a uma série de efeitos nocivos à saúde. Uma das principais fontes de contaminação da água potável é um tipo de espuma de combate a incêndio chamada espuma formadora de filme aquoso (AFFF).
Bombeiros usam AFFF para apagar incêndios de combustível em emergências e em exercícios regulares de treinamento.1 Os fabricantes adicionam PFAS à AFFF para ajudar a espalhar a espuma e suprimir incêndios de combustível rapidamente. Como resultado, altos níveis de PFAS foram encontrados em águas subterrâneas perto de bases militares, aeroportos, áreas municipais de treinamento contra incêndios e outros locais onde a AFFF foi usada. Bombeiros são expostos ao PFAS quando pulverizam a espuma. Devido às preocupações com o PFAS, os corpos de bombeiros dos EUA e de todo o mundo estão adotando espumas sem PFAS que oferecem níveis semelhantes de desempenho.
Tipos de Espumas de Combate a Incêndio
Existem dois tipos principais de espumas de combate a incêndio: Classe A e Classe B.
Espumas de classe A são usadas para apagar a maioria dos tipos de incêndio, incluindo incêndios estruturais, incêndios florestais e outros incêndios que não envolvem combustíveis inflamáveis. As espumas de classe A não contêm PFAS.
As espumas de classe B são desenvolvidas para combater incêndios com combustível. Existem 2 tipos principais de espumas de classe B:
1. Espumas fluoretadas, que combinam agentes espumantes de hidrocarbonetos com PFAS. AFFF é a espuma fluoretada mais comum, juntamente com a espuma formadora de filme aquoso resistente a álcool (AR-AFFF).2
A AFFF é uma espuma fluoretada produzida desde o final da década de 1960. As formulações mais antigas de AFFF continham PFAS de cadeia longa, que tiveram sua produção descontinuada nos EUA a partir do início dos anos 2000 devido a preocupações com a saúde e sua tendência a permanecer no corpo por anos. As formulações mais recentes de AFFF contêm PFAS de cadeia curta e outros tipos alternativos. Embora esses PFAS mais novos sejam menos duradouros no corpo humano, eles também são altamente móveis e persistentes no ambiente. Além disso, há cada vez mais evidências de que os PFAS mais novos podem causar problemas de saúde semelhantes aos PFAS antigos, de cadeia longa.3-5
2. Espumas sem flúor(F3), que incluem uma variedade de formulações com aditivos aquosos e misturas de surfactantes de hidrocarbonetos.6 7
Espumas sem flúor (F3) são espumas de classe B que não contêm PFAS. Os principais aeroportos da Europa e da Austrália, os corpos de bombeiros municipais dos EUA e empresas privadas, como BP, ExxonMobil, Bayern Oil e Pfizer, já fizeram a transição para espumas sem flúor.3 Muitas formulações de F3 já são capazes de atender à maioria das normas e certificações internacionais exigidas para espumas de classe B. No entanto, nenhuma alternativa F3 é capaz de atender às exigências dos EUA. O padrão do Departamento de Defesa Estadunidense, chamado padrão MIL-SPEC, exige que as espumas de combate a incêndios sejam capazes de apagar um incêndio com combustível em 30 segundos.8
Regulamentos Federais
A espuma de combate a incêndio contendo PFAS foi formulada pela primeira vez em 1963. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos começou a usar a AFFF para atividades de combate a incêndios relacionadas a combustíveis de aeronaves a partir da década de 19709 10 e então adotou o MIL-SPEC em 1992, que exigia o uso de AFFF.9 Em resposta à descoberta da contaminação generalizada da água potável, em 2016, o Departamento de Defesa restringiu o uso de AFFF durante os treinamentos.11 Em 2018, a Administração Federal de Aviação dos EUA alterou seus requisitos para permitir que os principais aeroportos (com certificação Part 139) utilizassem espumas sem flúor.12 A Lei de Autorização de Defesa Nacional dos EUA de 2020 determina que a AFFF seja eliminada da maioria das operações militares até outubro de 2024.13
Ação Estadual
Em maio de 2023, 32 estados propuseram ou adotaram regulamentações sobre o uso, a venda ou a fabricação de espumas de combate a incêndio contendo PFAS. 14 Alguns exemplos são:
Washington: Em 2018, o estado de Washington aprovou uma lei que proibia a venda de espuma para combate a incêndios contendo PFAS, e o uso dessas espumas para treinamento, exceto quando exigido por lei federal.15
Michigan: Em setembro de 2020, Michigan estabeleceu a obrigatoriedade de informar ao estado quando espumas contendo PFAS forem descarregadas, e um programa de devolução de espumas PFAS. Michigan também proibiu espuma para combate a incêndios contendo PFAS para treinamentos, com algumas exceções.16

Rumo a uma espuma mais segura
Várias empresas estão desenvolvendo novas formulações de espuma sem flúor e técnicas de aplicação para melhorar seu desempenho. Embora sejam necessárias mais informações sobre a segurança das espumas F3, elas não são tão persistentes do ponto de vista ambiental e têm custos de limpeza e remediação menores do que as espumas fluoretadas.3 Fabricantes de espuma sem PFAS podem obter a certificação GreenScreen por meio da Clean Production Action. Essa certificação independente garante que nenhum PFAS foi adicionado intencionalmente à espuma, e que o produto atende a critérios ambientais e de saúde específicos.17
Linha do tempo18

Referências
1. Hu XC, Andrews DQ, Lindstrom AB, et al. Detection of Poly- and Perfluoroalkyl Substances (PFASs) in U.S. Drinking Water Linked to Industrial Sites, Military Fire Training Areas, and Wastewater Treatment Plants. Environ Sci Technol Lett 2016;3(10):344-50. doi: 10.1021/acs.estlett.6b00260
2. Interstate Technology and Regulatory Council (IRTC). Aqueous Film-forming Foam (AFFF) [Fact Sheet]. 2018 [Available from: https://pfas-1.itrcweb.org/wp-content/uploads/2020/10/afff_508_093020.pdf.
3. Bluteau T, Cornelsen M, Day G, et al. The Global PFAS Problem: Fluorine-Free Alternatives as Solutions – Has Time Run out for Short-Chain Replacements for C8 PFAS? Geneva: IPEN, 2019.
4. Kabadi SV, Fisher JW, Doerge DR, et al. Characterizing biopersistence potential of the metabolite 5:3 fluorotelomer carboxylic acid after repeated oral exposure to the 6:2 fluorotelomer alcohol. Toxicology and Applied Pharmacology 2020;388:114878. doi: https://doi.org/10.1016/j.taap.2020.114878
5. Rice PA. C6-Perfluorinated Compounds: The New Greaseproofing Agents in Food Packaging. Current Environmental Health Reports 2015;2(1):33-40. doi: 10.1007/s40572-014-0039-3
6. IPEN 2018/POPRC-14. Fluorine-free fighting foams (3F – Viable alternatives to fluorinated aqueous film-forming foams (AFFF) 2018 [Available from: https://ipen.org/sites/default/files/documents/IPEN_F3_Position_Paper_POPRC-14_12September2018d.pdf.
7. Winnebeck K. Per- and Polyfluorinated Substances in Firefighting Foam New York2019 [Available from: https://www.theic2.org/wp-content/uploads/2022/09/Per_and_Polyfluorinated_Substances_in_Firefighting_Foam_040919.pdf. .
8. Vergun D. Naval Research Lab Chemists SEarch for PFAS-Free Firefighting Foam: Department of Defense; 2019 [Available from: https://www.defense.gov/Explore/News/Article/Article/2017249/naval-research-lab-chemists-search-for-pfas-free-firefighting-foam/.
9. Department of Defense DotA. Drinking Water Contamination Report to Congress 2019 [Available from: https://media.defense.gov/2021/May/27/2002730785/-1/-1/0/DOD-DRINKING-WATER-CONTAMINATION-RTC-JULY-2019.PDF.
10. Coalition EWGFVCW. For decades, the Department of Defense knew fire fighting foams with PFAS chemicals were dangerous but continued their use 2018 [Available from: https://www.ewg.org/dodpfastimeline/.
11. Department of Defense DotA. Limiting Use of Aqueous Film Forming Foam 2016 [Available from: https://www.denix.osd.mil/army-pfas/the-army-addresses-pfos-pfoa/the-army-addresses-pfos-and-pfoa/limiting-use-of-aqueous-film-forming-foam-policy1/ACSIM%20AFFF%20June%202016%20Memo_508.pdf
12. Federal Aviation Administration. Aqueous Film Forming Foam (AFFF) Testing at Certificated Part 139 Airports 2019 [Available from: https://www.faa.gov/sites/faa.gov/files/airports/airport_safety/part139_cert/what-is-part-139/part-139-cert-alert-21-01-AFFF.pdf.
13. National Defense Authorization Act for Fiscal Year 2020, Pub. L. No. 116-92, 133 Stat. 1198, 2019.
14. Bryan Cave Leighton Paisner (BCLP) Law. PFAS Update: State Regulation of PFAS in Firefighting Foam and Equipment 2022 [Available from: https://www.bclplaw.com/en-US/events-insights-news/pfas-in-firefighting-foam-afff-and-equipment-state-by-state-regulations.html.
15. State of Washington Department of Ecology. Toxics in firefighting law – Washington State Department of Ecology. 2021
16. Safer States. PFAS 2023 [Available from: https://www.saferstates.com/toxic-chemicals/pfas/].
17. Clean Production Action. GreenScreen Certified Firefighting Foam [Fact sheet]. 2020 [Available from: https://www.greenscreenchemicals.org/images/ee_images/uploads/resources/GSC_FFF_V2_Factsheet_20200910.pdf.
18. Environmental Working G. Timeline: ‘Forever chemicals’ and firefighters | Environmental Working Group. 2020.